11/05/2008

Bom dia cinza.

Nada de anormal no dia. Uma manhã qualquer como tantas outras que já se passaram. Um pouco de dor de cabeça, mas nada que um banho morno não pudesse curar... Não, não curou. O rosto refletido no espelho meio embaçado não era dos mais bonitos, muito menos dos mais felizes. Toalha enrolada na cabeça, cara lavada, olheiras em destaque, resquícios de sono. O sorriso bem que tentou se desenhar sozinho no rosto, mas os cantos dos lábios não ousaram sequer tremer. As mãos ainda meio úmidas correram pelo rosto e ele sumiu do espelho. A língua da maçaneta deu um estalido.
O quarto parecia frio sem todo aquele vapor que havia no banheiro. Um conjunto qualquer de roupas saiu do armário e as toalhas molhadas foram jogadas sobre os cobertores e travesseiros. O blusão largo, de faculdade, era perfeito naquele momento... Não chamava atenção, e era cinza. Cinza como os pensamentos que dançavam dentro da cabeça de cabelos úmidos e bagunçados. O pente deslizou por entre os fios, a presilha prendeu o coque frouxo. O make-up habitual foi feito com pouco capricho dessa vez, ainda assim criou uma falsa beleza externa. Nem com o gloss cor de boca os lábios se animaram o suficiente pra sorrir. As têmporas latejavam quando o delineador contornou as pálpebras dos olhos castanhos, meio frios, meio distantes, meio vazios.
Mochila no ombro, horário na cabeça, passe no bolso, chiclete na boca, pressa escondida. Os pés calçados com os tênis de todo dia fizeram o caminho previamente traçado. Um Sol tímido obrigou um raio fraco a despontar, fazendo os olhos castanhos se voltarem para o céu. Naquele instante, jurei que meu dia seria bom. Nesse instante, reconheço o quão inúteis são meus juramentos...

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