O fim quase versado.

O sorriso onde eu avistava um porto seguro se desfez com o passar das horas. O calor dos braços que me acolhiam no mais reconfortante abraço esmoreceu aos poucos. O sutil toque dos dedos longos que me causavam arrepios já não me encostam mais. O brilho dos olhos escuros que convidavam milhares de borboletas a fazerem festa no meu estômago não brilha mais perto de mim e dopa as pobres borboletas.

A voz cheia de melodia que me encantava já não canta mais ao pé do meu ouvido. A simpatia que me inundava com boas sensações quase todos os dias não simpatiza mais comigo. A companhia sempre presente nos melhores e piores momentos me deixou só há dias. A boca macia que murmurava versos de carinho e saudade não sabe mais expressar os sentimentos do poeta amante.

Para você, o tempo representou mudança. Para mim, o tempo significou perda de esperança. Dos nossos sonhos a dois, realizarei sozinha os meus. Dos nossos sonhos a dois, entrego-te desbotados os teus.

E pensar que antes eu te tinha comigo, bem guardado, seguro na mão. Hoje estás perdido num mundo que se fez desilusão. E pensar que, com tanta sinceridade, me fizeste acreditar na tua promessa de eternidade. Hoje vou encaixotando os juramentos infundados que ainda, infelizmente, me provocam saudade.